TIMBRE – Cordas
Na verdade, o som começa com a vibração das cordas. É evidente,
como chegamos a ver em matérias anteriores, que existem muitas variáveis na
determinação do timbre final de violões e guitarras (caixa de ressonância,
captadores, cabos, amplificadores, processadores de efeito e até técnicas de execução, influenciam), mas nesta matéria
iremos nos deter no papel das cordas na composição do timbre. Até porque, junto
com a madeira da escala e o traste (pequenas
barras metálicas montadas sobre a escala que definem os pontos em que a corda
deve ser dividida para se obter uma nota musical), a corda é o primeiro ponto de contato, é por onde a vibração se
origina para depois interagir com o resto do instrumento. É a
primeira manifestação sonora e a partir daí tudo são artifícios para amplificar
e embelezar o som.
Ao fazê-la vibrar utilizando uma guitarra, por exemplo, um sistema
de transdução (captadores) converterá as vibrações (energia cinética) em sinal
elétrico, que trafegará através de fios, cabos e componentes eletrônicos até
chegar no alto-falante, onde será convertido em ondas sonoras.
Um
bom timbre é o resultado da utilização de uma boa guitarra (não necessariamente
a mais cara, mas que possua uma boa madeira, bons captadores, etc), bons cabos
(é por onde passa o sinal elétrico), um bom amplificador, uma boa técnica de
execução e, evidentemente um bom encordoamento. Não necessariamente o mais
caro! O importante é saber o tipo de corda que se adequa melhor a nossa
necessidade!
Na história da música ocidental, os instrumentos de cordas desempenharam
um papel importante, pois foi com o monocórdio (um instrumento constituído de
uma única corda) que os filósofos e matemáticos gregos descobriram todos os
princípios matemáticos que regem os intervalos, escalas e a harmonia, dando
origem ao estudo da teoria musical.
Antes do surgimento das cordas de aço, por volta de 1860, as
cordas eram produzidas a partir das tripas de animais. As cordas de náilon, por
sua vez, só foram criadas em 1940 pelo luthier dinamarquês Albert Augustine.
Foi Andrés Segóvia, a partir da Segunda Guerra Mundial, quem endossou a idéia
de se utilizar cordas de náilon ao invés de cordas de tripa – e a moda pegou!
Atualmente, a maioria dos violonistas utilizam cordas de náilon.
Cordas de tripa pura são geralmente usadas em instrumentos barrocos e
renascentistas, para execução de peças do período. Há quem prefira o timbre das
cordas de tripa às cordas de aço. O problema é a instabilidade do material às
variações de umidade, afinação, sustain –
e o preço que é bastante salgado.
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Segóvia
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Dilermando Reis
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Garoto
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Segóvia, Dilermando Reis, Garoto e muitos outros violonistas
contemporâneos destes grandes mestres tocaram durante muito tempo com cordas de
aço. E, com certeza começaram o seu aprendizado com cordas de tripa.
As cordas podem ser de diversas espessuras e compostas de apenas
um simples fio de metal ou náilon, ou por filamentos de metal (geralmente de
prata, bronze, cobre ou aço) enrolados em espiral em torno de um núcleo, que
pode ser um conjunto de fibras de náilon ou seda, um único fio de náilon ou
metal. Algumas cordas têm camadas duplas e até triplas de filamentos que
envolvem o núcleo e são, normalmente, utilizadas em contrabaixos e baixolões.
Na afinação de uma corda entram 3 componentes: comprimento,
espessura e tensão.
Dica:
Para uma afinação mais baixa (timbre mais grave) aumentamos o
comprimento e/ou a espessura da corda, e/ou diminuímos sua tensão. Para
afinação mais alta (timbre mais agudo), faríamos o inverso. Alguns
guitarristas, na busca de um timbre mais distinto, mesclam encordoamentos de
diferentes calibres.
Tipos diferentes de cordas produzem diferentes sonoridades. Várias
são as possibilidades, porém destacaria o calibre e a forma como
as cordas são construídas como os principais fatores na determinação da
sonoridade.
O
calibre, normalmente medido em polegadas, toma a primeira corda como
referência. Tomando uma guitarra elétrica como exemplo, teríamos:
0.008 – Extremamente leve e de grande elasticidade. Devido à pouca
massa, proporciona sonoridade muito pouco encorpada.
0.009 – Oferece maior tocabilidade e proporciona melhor sonoridade.
0.010 – Possui sonoridade encorpada.
0.011 – Oferece certa dificuldade na execução de algumas técnicas de interpretação, bends por exemplo. Possui sonoridade bem encorpada.
0.012 – Mais utilizada por guitarristas de Jazz. A alta tensão dificulta a execução.
0.013 – Também mais utilizada por guitarristas de Jazz e guitarristas que usam afinações baixas visando um timbre mais grave. A alta tensão dificulta a execução.
Em relação aos violões com corda de náilon, basicamente, teríamos
o encordoamento com baixa tensão (light), leve e de sonoridade pouco encorpada,
e os de média e alta tensão, utilizados pelos profissionais pela sonoridade
mais encorpada e bem definida.
Quanto a forma física como as cordas podem ser construídas, temos
basicamente 3 possibilidades:
Roundwound:
O filamento em espiral que cobre as cordas tem formato cilíndrico.
A sonoridade da corda é mais brilhante, com mais agudos e bom sustain. A
superfície por ser áspera produz sons característicos ao se raspar os dedos. É
o tipo de corda mais utilizado pelos guitarristas e baixistas.
Repare que a classificação é em relação ao filamento e não ao
núcleo, que no exemplo não é cilíndrico e sim hexagonal.
Flatwound:
O filamento em espiral que cobre as cordas é achatado e liso. A
sonoridade é suave, aveludada e com pouco sustain. A superfície por ser lisa e
deslizante, ao se raspar os dedos, quase não produz ruído. Muito utilizada por
guitarristas de Jazz.
Groundwound ou Half-flat:
A
parte interna do filamento que cobre as cordas é arredondado, mas a parte
externa é lisa – é como se o filamento cilíndrico fosse cortado ao meio. A
sonoridade é uma mistura das proporcionadas pela roundwound e flatwound. Ou
seja, superfície lise e deslizante com uma sonoridade aveludada com algum
sustain.
As cordas encapadas possuem um filamento de metal enrolado em
espiral. Nos espaços entre os filamentos acumula-se resíduos (gordura, suor,
poeira, etc) que com o tempo impedem a corda de vibrar normalmente, cujo
primeiro sintoma é a sonoridade opaca, sem brilho, e a diminuição do sustain. O
acúmulo excessivo de resíduos retém a umidade, que por sua vez, faz surgir a
oxidação.
Existem
produtos no mercado destinados a limpeza das cordas, e até cordas encapadas com
uma película que impede o acúmulo de resíduos, mas um procedimento prático para
aumentar a vida útil do encordoamento é lavar bem as mãos antes de tocar e
passar um pano seco, que não solte fiapos, antes e depois de tocar.
Se
você toca rock muito provavelmente irá preferir uma roundwound para conseguir
mais sustain. Assim como se não puder levar a um show várias guitarras reservas
irá preferir não usar 0.008. Risos. Por ser extremamente leve parte com muito mais
facilidade!
Nem toda corda cara possui um timbre (que no conjunto das
variáveis que determinam um boa sonoridade - guitarra, amplificador, pegada,
etc) que irá agradar. O ideal é ir experimentando algumas marcas (mesmo as não
caras) e selecionar àquelas que agradem mais.
Som de corda boa é som de corda nova. Com encordoamento muito velho
não é possível conseguir uma boa afinação, pois a oxidação faz com que as
cordas percam massa, e isso altera o calibre, e prejudica a afinação.
Particularmente, com o auxílio de alguns amigos músicos, estaremos
fazendo uma pesquisa visando distinguir melhor, dentre as opções de
encordoamentos do mercado, aquelas que possuem um preço justo e boa qualidade.
Assim que estiver pronta divulgaremos. Ok?
Estamos juntos!
Estamos juntos!
Jornalista, Músico (3ª posição no Rank de Jazz da reverbnation.com/niltonvalle) e Funcionário Público Federal.
Agraciado com o Prêmio Embaixador do Rio! http://twitter.com/niltonvalle e http://facebook.com/profile.php?id=1720013572
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