Apoio Cultural

 Quer divulgar um evento? Este é o lugar!  Quer divulgar um evento? Este é o lugar!  Quer divulgar um evento? Este é o lugar! */  Quer divulgar um evento? Este é o lugar!  Contribua!

sábado, 3 de março de 2012

TIMBRE – Cordas (Publicada na revista Backstage na edição de julho de 2009)



TIMBRE – Cordas

O importante é saber o tipo de corda que se adequa melhor a nossa necessidade!

Na verdade, o som começa com a vibração das cordas. É evidente, como chegamos a ver em matérias anteriores, que existem muitas variáveis na determinação do timbre final de violões e guitarras (caixa de ressonância, captadores, cabos, amplificadores, processadores de efeito e até técnicas de execução, influenciam), mas nesta matéria iremos nos deter no papel das cordas na composição do timbre. Até porque, junto com a madeira da escala e o traste (pequenas barras metálicas montadas sobre a escala que definem os pontos em que a corda deve ser dividida para se obter uma nota musical), a corda é o primeiro ponto de contato, é por onde a vibração se origina para depois interagir com o resto do instrumento. É a primeira manifestação sonora e a partir daí tudo são artifícios para amplificar e embelezar o som.

Ao fazê-la vibrar utilizando uma guitarra, por exemplo, um sistema de transdução (captadores) converterá as vibrações (energia cinética) em sinal elétrico, que trafegará através de fios, cabos e componentes eletrônicos até chegar no alto-falante, onde será convertido em ondas sonoras.

Um bom timbre é o resultado da utilização de uma boa guitarra (não necessariamente a mais cara, mas que possua uma boa madeira, bons captadores, etc), bons cabos (é por onde passa o sinal elétrico), um bom amplificador, uma boa técnica de execução e, evidentemente um bom encordoamento. Não necessariamente o mais caro! O importante é saber o tipo de corda que se adequa melhor a nossa necessidade!


Na história da música ocidental, os instrumentos de cordas desempenharam um papel importante, pois foi com o monocórdio (um instrumento constituído de uma única corda) que os filósofos e matemáticos gregos descobriram todos os princípios matemáticos que regem os intervalos, escalas e a harmonia, dando origem ao estudo da teoria musical.

Antes do surgimento das cordas de aço, por volta de 1860, as cordas eram produzidas a partir das tripas de animais. As cordas de náilon, por sua vez, só foram criadas em 1940 pelo luthier dinamarquês Albert Augustine. Foi Andrés Segóvia, a partir da Segunda Guerra Mundial, quem endossou a idéia de se utilizar cordas de náilon ao invés de cordas de tripa – e a moda pegou!

Atualmente, a maioria dos violonistas utilizam cordas de náilon. Cordas de tripa pura são geralmente usadas em instrumentos barrocos e renascentistas, para execução de peças do período. Há quem prefira o timbre das cordas de tripa às cordas de aço. O problema é a instabilidade do material às variações de umidade, afinação, sustain –  e o preço que é bastante salgado.


    Segóvia
    Dilermando Reis
    Garoto

Segóvia, Dilermando Reis, Garoto e muitos outros violonistas contemporâneos destes grandes mestres tocaram durante muito tempo com cordas de aço. E, com certeza começaram o seu aprendizado com cordas de tripa.

As cordas podem ser de diversas espessuras e compostas de apenas um simples fio de metal ou náilon, ou por filamentos de metal (geralmente de prata, bronze, cobre ou aço) enrolados em espiral em torno de um núcleo, que pode ser um conjunto de fibras de náilon ou seda, um único fio de náilon ou metal. Algumas cordas têm camadas duplas e até triplas de filamentos que envolvem o núcleo e são, normalmente, utilizadas em contrabaixos e baixolões.


Na afinação de uma corda entram 3 componentes: comprimento, espessura e tensão.

Dica:

Para uma afinação mais baixa (timbre mais grave) aumentamos o comprimento e/ou a espessura da corda, e/ou diminuímos sua tensão. Para afinação mais alta (timbre mais agudo), faríamos o inverso. Alguns guitarristas, na busca de um timbre mais distinto, mesclam encordoamentos de diferentes calibres.

Tipos diferentes de cordas produzem diferentes sonoridades. Várias são as possibilidades, porém destacaria o calibre e a forma como as cordas são construídas como os principais fatores na determinação da sonoridade.

O calibre, normalmente medido em polegadas, toma a primeira corda como referência. Tomando uma guitarra elétrica como exemplo, teríamos:

0.008 – Extremamente leve e de grande elasticidade. Devido à pouca massa, proporciona sonoridade muito pouco encorpada.

0.009 – Oferece maior tocabilidade e proporciona melhor sonoridade.

0.010 – Possui sonoridade encorpada.

0.011 – Oferece certa dificuldade na execução de algumas técnicas de interpretação, bends por exemplo. Possui sonoridade bem encorpada.

0.012 – Mais utilizada por guitarristas de Jazz. A alta tensão dificulta a execução.

0.013 – Também mais utilizada por guitarristas de Jazz e guitarristas que usam afinações baixas visando um timbre mais grave. A alta tensão dificulta a execução.

Em relação aos violões com corda de náilon, basicamente, teríamos o encordoamento com baixa tensão (light), leve e de sonoridade pouco encorpada, e os de média e alta tensão, utilizados pelos profissionais pela sonoridade mais encorpada e bem definida.

Quanto a forma física como as cordas podem ser construídas, temos basicamente 3 possibilidades:

Roundwound:


O filamento em espiral que cobre as cordas tem formato cilíndrico. A sonoridade da corda é mais brilhante, com mais agudos e bom sustain. A superfície por ser áspera produz sons característicos ao se raspar os dedos. É o tipo de corda mais utilizado pelos guitarristas e baixistas.

Repare que a classificação é em relação ao filamento e não ao núcleo, que no exemplo não é cilíndrico e sim hexagonal.

Flatwound:


O filamento em espiral que cobre as cordas é achatado e liso. A sonoridade é suave, aveludada e com pouco sustain. A superfície por ser lisa e deslizante, ao se raspar os dedos, quase não produz ruído. Muito utilizada por guitarristas de Jazz.

Groundwound ou Half-flat:


A parte interna do filamento que cobre as cordas é arredondado, mas a parte externa é lisa – é como se o filamento cilíndrico fosse cortado ao meio. A sonoridade é uma mistura das proporcionadas pela roundwound e flatwound. Ou seja, superfície lise e deslizante com uma sonoridade aveludada com algum sustain.


As cordas encapadas possuem um filamento de metal enrolado em espiral. Nos espaços entre os filamentos acumula-se resíduos (gordura, suor, poeira, etc) que com o tempo impedem a corda de vibrar normalmente, cujo primeiro sintoma é a sonoridade opaca, sem brilho, e a diminuição do sustain. O acúmulo excessivo de resíduos retém a umidade, que por sua vez, faz surgir a oxidação.

Existem produtos no mercado destinados a limpeza das cordas, e até cordas encapadas com uma película que impede o acúmulo de resíduos, mas um procedimento prático para aumentar a vida útil do encordoamento é lavar bem as mãos antes de tocar e passar um pano seco, que não solte fiapos, antes e depois de tocar.

Se você toca rock muito provavelmente irá preferir uma roundwound para conseguir mais sustain. Assim como se não puder levar a um show várias guitarras reservas irá preferir não usar 0.008. Risos. Por ser extremamente leve parte com muito mais facilidade!

Nem toda corda cara possui um timbre (que no conjunto das variáveis que determinam um boa sonoridade - guitarra, amplificador, pegada, etc) que irá agradar. O ideal é ir experimentando algumas marcas (mesmo as não caras) e selecionar àquelas que agradem mais.

Som de corda boa é som de corda nova. Com encordoamento muito velho não é possível conseguir uma boa afinação, pois a oxidação faz com que as cordas percam massa, e isso altera o calibre, e prejudica a afinação.

Particularmente, com o auxílio de alguns amigos músicos, estaremos fazendo uma pesquisa visando distinguir melhor, dentre as opções de encordoamentos do mercado, aquelas que possuem um preço justo e boa qualidade. Assim que estiver pronta divulgaremos. Ok?

Estamos juntos!

Jornalista, Músico ( posição no Rank de Jazz da reverbnation.com/niltonvalle) e Funcionário Público Federal. 
Agraciado com o Prêmio Embaixador do Rio! http://twitter.com/niltonvalle http://facebook.com/profile.php?id=1720013572

Nenhum comentário:

Postar um comentário