MODELAGEM
Física
Virtual Guitar System
(Parte 1)
Você deseja o timbre
de uma Gibson 335? Que tal uma P-90? Ou uma Fender Stratocaster? Quer tocar em
um amplificador JC-120? As possibilidades são inúmeras a um custo, atualmente,
bastante acessível!
Já há algum tempo venho acompanhando a evolução dos equipamentos cuja
proposta é a geração de timbres de instrumentos musicais através de algoritmos
complexos computacionais. Alguns amigos músicos, principalmente os ligados a
determinados gêneros musicais (melhor omitir os gêneros musicais, não é? Rs.),
não cansam em afirmar, calorosamente, que o timbre conseguido com uma guitarra
e um amplificador (real) é muito diferente do gerado por um simulador! Será?
A modelagem física é um dos processos para sintetizar sons. Por utilizar métodos computacionais complexos (e pesados) para simular os timbres dos instrumentos musicais demanda uma grande capacidade computacional. Logo, não podemos afirmar coisa alguma pensando nos primeiros simuladores, como o teclado Yamaha VL1 (e o módulo correspondente, VL-1m) que no início da década de 1990 já incorporava essa tecnologia, pois atualmente a capacidade de processamento desses equipamentos aumentou. E muito!
YAMAHA VL1
Antes, porém, vamos tratar de uma outra questão que está muito ligada, mas é um
processo totalmente diferente – samplers. Sempre surgem quando a discussão gira
em torno de geração de timbres. Alguns afirmam que estão mais próximos do som
real dos instrumentos por serem amostras. Ok, mas como funcionam?
Sem querer, no momento, entrar em detalhes, um sampler, apesar da qualidade do
timbre gerado, não consegue reproduzir todas as nuances que o som de um
instrumento realmente possui – ainda mais se o instrumento for acústico!
Fazendo uma analogia: por mais que o “slide” seja bom, contendo diversas fotos
significativas, não dá para comparar com o filme contendo todas as imagens!
Já com a modelagem física, graças ao aumento da capacidade de processamento dos
chips DSP (Digital Signal Processor), tornou-se possível a implementação de
algoritmos complexos (que continuam evoluindo a cada dia) capazes de capturar
muitas das características dos instrumentos e equipamentos reais e, até, as
condições em que o som é captado através de um microfone – o que torna
praticamente imperceptível ao ouvido comum perceber alguma diferença. E aí,
principalmente, incluiríamos o consumidor final!
Evidentemente que a qualidade do timbre depende, além do poder de processamento
do chip DSP, da qualidade do algoritmo.
Será (e talvez eu ainda faça esse
teste) que se eu gravasse vários timbres de instrumentos (reais e virtuais)
alguém saberia dizer quais deles foram gerados por um simulador?
Por mais que acredite na capacidade auditiva de alguns músicos experientes,
minha opinião pessoal é que, atualmente, seria muito difícil!
Um amigo me viu
conectando um cabo de 13 pinos (um captador hexafônico Roland GKC, mas poderia
ser um AXON PU-100) em um Roland VG-99 e me perguntou é MIDI igual ao GR-20?
Outra confusão que fazemos...
Apesar de utilizar o mesmo cabo que o Roland GR-20, por exemplo, o VG-99 tem
outro propósito.
ROLAND GR-20
O GR-20 é um sintetizador de uso geral, capaz de gerar timbres de diversos
instrumentos (piano, trompete, flauta, etc). Foi concebido para permitir aos
guitarristas a geração de timbres até então só conseguidos através de teclados,
como o Yamaha Motif ou o Roland Fantom-XA.
MOTIF RACK XS
FANTOM-XA
Tem gente que diz que é estranho tocar um equipamento desse tipo. No início
pode parecer um pouco. Na verdade, são necessários alguns ajustes no
equipamento de maneira a adequá-lo ao nosso jeito de tocar.
AXON AX 100 MKII
A proposta do desenvolvimento de projetos como os dos equipamentos Roland GR-20
e Axon AX 100 MKII foi “apenas” mudar a interface. É como se estivéssemos
utilizando um Yamaha Motif ou um Roland Fan-tom-XA só que ao invés de um
teclado usamos uma guitarra.
Por mais que a tecnologia avance para, cada vez mais, permitir que o
guitarrista toque de maneira habitual (deixando para o equipamento as compensações
necessárias devido às características de cada instrumento) não faz muito
sentido executar um “bend” (técnica utilizada na guitarra na qual você levanta
ou abaixa a corda do instrumento para chegar a outra nota), por exemplo, em um
piano – o equipamento vai considerar como se a próxima nota tivesse sido tocada
também. Se o objetivo for fazer o timbre ficar o mais próximo possível do
instrumento real temos que, considerando os recursos disponíveis no
equipamento, aprender a tocar pensando no instrumento real.
Tem um vídeo do Robert Marcello, em que ele demonstra de maneira brilhante, a
execução de vários instrumentos com o GR-20, e um outro, também muito legal, do
Burr Johnson, utilizando o Axon AX 100 MKII para sequenciar vários
instrumentos. Imperdíveis!
Para mais detalhes você pode consultar um artigo sobre o Axon AX 100 MKII, um conversor midi (Musical Instrument Digital Interface), com sintetizador interno, distribuído no Brasil pela Mix Trade, publicado na Backstage na edição 165. Também disponível online neste Blog.
Tanto o GR-20 quanto o VG-99 são instrumentos midi, a maioria dos equipamentos
atuais é. E, naturalmente, reconhecem instruções midi para se comunicarem uns
com outros – midi é um protocolo de comunicação. Mas o VG-99 foi desenvolvido
com outro propósito, e nesse tipo de equipamento é possível sim tocar
naturalmente!
O Roland VG-99 utiliza uma tecnologia de modelagem física denominada COSM (Composite Object Sound Modeling) que permite recriar digitalmente o som de
vários instrumentos clássicos (Rickenbacker 360, Gibson L-4 CES, etc),
amplificadores (Roland JC-120, Fender Twin Reverb, Vox AC-30TB, Hughes &
Kettner Triamp, dentre outros) e efeitos sonoros consagrados (Boss BD-2, ProCo
Rat, Fuzzface, por exemplo) levando em conta as nuances do som, inclusive as
características elétricas e físicas, criando um modelo digital capaz de
reproduzi-lo.
ROLAND VG-99
A Line 6, fabricante do PODxt Live, dentre outros equipamentos, despontou, há
alguns anos atrás, com a Line 6 Point-to-Point Interactive modeling technology,
sua tecnologia de modelagem física, com o modelo de amplificador Vetta II. Um
estudo pormenorizado foi realizado visando capturar as nuances de alguns
equipamentos clássicos especialmente selecionados, tanto amplificadores
(Fender® Tweed Deluxe® 1953, Hiwatt® DR-103, Marshall® JTM-45 1965, por
exemplo) quanto pedais de efeito (Ibanez® Tube Screamer®, ProCo Rat, Boss CS-1,
dentre outros), traduzindo esse conhecimento em um software que simula o
processamento do sinal das válvulas (considerado a chave da qualidade do timbre
de qualquer amp lendário) e toda a parte eletrônica dos equipamentos.
PODxT Live
Em outra
oportunidade detalharemos um pouco mais este assunto. Ok?
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Jornalista, Músico (3ª posição no Rank de Jazz da reverbnation.com/niltonvalle) e Funcionário Público Federal.
Agraciado com o Prêmio Embaixador do Rio!
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